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28.4.08

The Enchantress of Florence

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Rushdie volta ao realismo mágico que consagrou sua literatura

O escritor britânico Salman Rushdie é conhecido sobretudo por "Os Versos Satânicos", de 1988, que provocou a ira de muçulmanos e o obrigou a viver na clandestinidade, depois de o então líder religioso supremo do Irã lançar uma nota edital condenando-o à morte. Um dos livros mais interessantes que já li na vida!

"The Enchantress of Florence", seu décimo romance, é uma história que se passa nos séculos 15 e 16, sobre intrigas de cortes na Florença e em Fatehpur Sikri, capital do império mogol. A nova obra marca o retorno ao realismo mágico que é a marca registrada de Rushdie. (O livro é presente do Shiller que acabou de traduzir - ainda não lançado no Brasil). O livro é um conto sobre duas cidades criado por Rushdie gira em torno de personagens verídicos, como o grande imperador mogol Akbar e o filósofo italiano Nicolau Maquiavel, além da misteriosa beldade Qara Koz, que encanta os homens que a vêem.(Para quem gostou de "Quando Nietzsche Chorou" esse aqui é um desafio e tanto).

Segundo Shiiler intenção original do autor de 60 anos era ambientar a história inteiramente na Europa, mas ele acabou por dividir a narrativa entre duas grandes civilizações que mal sabiam da existência uma da outra. "Acabei escrevendo um livro que eu não pensara em escrever", disse Rushdie. "Eu pensara em escrever um livro sobre as diferenças, mas me descobri escrevendo um sobre as semelhanças."

Publicado pela Random House, o livro dividiu a crítica. O The Guardian o considerou "magnífico", enquanto o Sunday Times disse que é "a pior coisa que Rushdie já escreveu". Em "Enchantress", Akbar exemplifica a tolerância religiosa e social e é defensor da liberdade de pensamento e expressão, uma postura criticada por muitos na época. É uma questão e tanto para os dias atuais, onde vivemos em busca de uma democracia desesperada, implantando um pensamento politicamente correto e demasiadamente conservador ao mesmo tempo. E, apesar do exemplo de Akbar e da crença de Rushdie na idéia de que a natureza humana é universal, o autor é pessimista em relação ao futuro. (Nós aqui do I-pod também somos)

"Mesmo hoje, olhando para como todos estamos nos comportando, percebe-se que não somos tão diferentes assim. O problema é que nos vemos como o outro do outro, quando, na realidade, somos a imagem espelhada do outro." Filosofa o autor. Isso reafirma minha tese de que a onda de pessoas saindo do Brasil, a fim de uma carga "cultural" é fruto de um desejo de consumo, de um grupo seleto da classe média baixa que aspira um conhecimento burguês no continente velho ou na América puritana!

"Há uma ruptura profunda em nossa capacidade de descrever o mundo do mesmo modo. Quando isso acontece, torna-se muito difícil concordar em relação a qualquer outra coisa." Ou seja, que tal a gente colocar um espelho na frente do monitor e refletir mais sobre quem somos e o quão pouco sabemos! E lembrar que Ticket de viagem não vai salvar ninguém da mediocridade.

Dica: Leia esse livro ao som de Matmos e Sweet Coffee!

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