A Fita Branca
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A Fita Branca (Das weisse Band, 2009)
Dir. Michael Haneke
A tempestuosa ação desta produção decorre durante os quinze meses que precedem a Primeira Guerra Mundial numa pequena aldeia alemã (que apesar da semelhança, não há a mínima intenção de demonizar a cultura germânica) que subitamente é atingida por vários incidentes que vão retirar os seus habitantes da monotonia a que se habituaram ao longo dos anos. O relato desses misteriosos episódios é feito por um narrador que presenciou e investigou alguns desses fatos devido à sua qualidade de professor da escola da aldeia e que, ao fim de tantos anos, tenta encontrar fundamentos e justificativas para esses atos e para os acontecimentos e comportamentos políticos que posteriormente afetaram a história, acontecimentos esses que apresentam algumas desconcertantes semelhanças com as atitudes das principais figuras políticas da aldeia em questão.
Através de um confronto de gerações no decorrer da narrativa, entre pais e filhos, assim como os mestres e os alunos, surge um pastor como algoz na sua doutrina educativa com seus filhos agindo com base em repressão a qualquer manifestação de individualidade ou curiosidade. E ao contrário de muitos diretores que depositam no feminino uma saída da selvageria primitiva humana, tanto aqui como na obra de Lars Von Trier a misoginia acentuada só demonstra um sentimento oculto na sociedade de que o feminino esta amarrado ao mesmo sentimento humano de destruição e conformismo.
Com linearidade e sofisticação única, Haneke vai transformando os eventos acontecidos naquele vilarejo numa teia para demonstrar como aqueles jovens são frutos de uma pré – explosão preconceituosa, politicamente ativa e como isso pode ser perigoso, quando essa sociedade puritana e com afinco num pensamento de eugenia, decide fazer a limpeza com suas próprias regras. A catástrofe anunciada parece ser inevitável (como M, o vampiro de Dusseldorf), pois aqueles jovens que ali agem impunemente foram corrompidos por uma cruel e ressentida geração anterior.
Uma obra de tirar o fôlego, com perfeição estética e argumento perspicaz, faz sem dúvida deste filme ao lado de “Anticristo” os dois melhores filmes provocativos de 2009.
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