"ROCKET", o primeiro single extraído de "HEAD FIRST", o 5º trabalho de originais dos GOLDFRAPP. Confirma-se o regresso ao synth-pop libidinoso, dançável e um tanto descartável dos tempos de "Black Cherry" (2003) e "Supernature" (2005), o que não deixa de ser um bom indicador para o que aí vem. O sucessor de "Seventh Tree" (2008) chega dia 22 de Março. No Single tem alguns remixes duvidosos, mas a versão radio edit e grum remix, são boas. Baixe aqui.
A Fita Branca (Das weisse Band, 2009) Dir. Michael Haneke
Dois diretores na atualidade criam filmes realmente indigestos e ao mesmo tempo fascinantes, são eles: Lars Von Trier e Michael Haneke. Esse último que levou Palma de Ouro em Cannes e Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro por seu último filme “A Fita Branca” (2009, AUT, 144 min) o pesadelo em P&B, é uma engenhosa representação alegórica da ideologia fascista. Logo no começo da projeção o narrador conta que ali, naquela comunidade, pequenos eventos prenunciam o que aconteceria com o país todo, anos depois. Haneke começa o filme, portanto, amarrado conscientemente nessa analogia com o Holocausto - e, ao seu modo, começa a ditar o tipo que reação que espera do público. E consegue.
A tempestuosa ação desta produção decorre durante os quinze meses que precedem a Primeira Guerra Mundial numa pequena aldeia alemã (que apesar da semelhança, não há a mínima intenção de demonizar a cultura germânica) que subitamente é atingida por vários incidentes que vão retirar os seus habitantes da monotonia a que se habituaram ao longo dos anos. O relato desses misteriosos episódios é feito por um narrador que presenciou e investigou alguns desses fatos devido à sua qualidade de professor da escola da aldeia e que, ao fim de tantos anos, tenta encontrar fundamentos e justificativas para esses atos e para os acontecimentos e comportamentos políticos que posteriormente afetaram a história, acontecimentos esses que apresentam algumas desconcertantes semelhanças com as atitudes das principais figuras políticas da aldeia em questão.
Através de um confronto de gerações no decorrer da narrativa, entre pais e filhos, assim como os mestres e os alunos, surge um pastor como algoz na sua doutrina educativa com seus filhos agindo com base em repressão a qualquer manifestação de individualidade ou curiosidade. E ao contrário de muitos diretores que depositam no feminino uma saída da selvageria primitiva humana, tanto aqui como na obra de Lars Von Trier a misoginia acentuada só demonstra um sentimento oculto na sociedade de que o feminino esta amarrado ao mesmo sentimento humano de destruição e conformismo.
Com linearidade e sofisticação única, Haneke vai transformando os eventos acontecidos naquele vilarejo numa teia para demonstrar como aqueles jovens são frutos de uma pré – explosão preconceituosa, politicamente ativa e como isso pode ser perigoso, quando essa sociedade puritana e com afinco num pensamento de eugenia, decide fazer a limpeza com suas próprias regras. A catástrofe anunciada parece ser inevitável (como M, o vampiro de Dusseldorf), pois aqueles jovens que ali agem impunemente foram corrompidos por uma cruel e ressentida geração anterior.
Uma obra de tirar o fôlego, com perfeição estética e argumento perspicaz, faz sem dúvida deste filme ao lado de “Anticristo” os dois melhores filmes provocativos de 2009.
A.C. Newman, Neko Case, Dan Bejar (Destroyer) e o resto da gangue de New Pornographers estão de volta com o álbum Together. Eles distribuiram no site da gravadora Matador a música deliciosa Your Hands (Together) - baixe logo abaixo!
Novidades sobre o novo álbum de Broken Social Scene: ele se chama Forgiveness Rock Record e saíra em maio. A capa pode ser vista acima. O vocalista da banda canadense, Kevin Drew, disse "que o novo álbum, como todos do Broken Social Scene, é um álbum levado pelo amor". A música que eles liberaram hoje, World Sick, é melódica, dramática, extasiada, enfim, como toda música da banda e digo isso no melhor dos sentidos. On repeat total!
Para baixar, entre com seu e-mail no espaço abaixo, você receberá um link.
O primeiro clipe de Almost Alice, álbum com a trilha sonora de Alice no País das Maravilhas (de Tim Burton) saiu. A música é okay e o clipe tem cenas do filme e Avril Lavigne fazendo Alice.
Confira a lista de músicas na íntegra:
"Alice (Underground)" - Avril Lavigne "The Poison" - The All-American Rejects "The Technicolor Phase" - Owl City "Her Name Is Alice" - Shinedown "Painting Flowers" - All Time Low "Where's My Angel" - Metro Station "Strange" - Tokio Hotel e Kerli Follow Me Down" - 3OH!3 featuring Neon Hitch "Very Good Advice" - Robert Smith "In Transit" - Mark Hoppus e Pete Wentz "Welcome to Mystery" - Plain White T's "Tea Party" - Kerli "The Lobster Quadrille" - Franz Ferdinand "Running Out of Time" - Motion City Soundtrack "Fell Down a Hole" - Wolfmother "White Rabbit" - Grace Potter and the Nocturnals
A partir de um "hiato indefinido" da banda Sigur Rós, o vocalista Jónsi lança em abril o álbum solo Go. Go Do, uma das faixas ganha um clipe de uma beleza ímpar, que se aproveita muito bem das paisagens e cenários da Islândia, terra natal do grupo. A música é similar a outras da banda, não por isso é ruim, pelo contrário: também tem o mesmo impacto de trabalhos passados.
Chad Vangaalen, canadense nascido em Alberta, uma figura, no mínimo, interessante: fica a maior parte do tempo trancado no porão da sua casa, enquanto grava suas músicas no computador. Mixa tudo sozinho, usa Garage Band pra dar um toque a mais nas composições e, depois de tudo feito, faz pequenas animações, sincroniza com as músicas e disponibiliza no youtube. E o mais curioso é o resultado sensacional.
Com o pé firme na musica folclórica norte-americana, suas letras são pequenas narrativas, como a sombria Molten Light, que fala sobre a alma de uma mulher em fúria em busca dos seus assassinos, ou então a orwelliana Blood Machine, um conto sobre uma cidade construída no subsolo, onde os habitantes têm o coração plugado numa máquina gigante que circula sangue. Toda essa mistura foi o suficiente pra chamar a atenção da SubPop, selo que antes abrigou o Nirvana, e que agora lança o terceiro disco de Vangaalen, Soft Airplane. Suas composições vão do Folk ate o eletrônico, e entre esses dois abismos, também flerta com surf music, bossa e experimental. A simplicidade de como tudo feito junto com a criatividade de alguém que possui o dom de criar o seu universo particular fazem de Vangaalen um Michel Gondry da música.
Onde Vivem Os Monstros (Where The Wild Things Are, 2009) Dir. Spike Jonze
Baseado no livro infantil escrito e ilustrado por Maurice Sendak, Onde vivem os Monstros (2009, EUA, 101 min), com roteiro de Dave Eggers e direção de Spike Jonze, transforma as pouco mais de dez frases do original em um longa, fiel ao conceito de Sendak. O filme traz criaturas que são mais tristes do que verdadeiramente monstruosas (ou mesmo ameaçadoras, como se especulava). Neste sentido, aliás, os primeiros elementos de produção que merecem destaque são os bonecos, as dublagens e a direção de arte com sua paleta de cores monocromáticas, ambientes desérticos e árvores desfolhadas, que vão desenhando um mundo construído pelo personagem central da trama , o pequeno Max. Além da excelente trilha sonora, que cabe como uma luva, feita por Karen O do Yeah Yeah Yeahs. Todos esses elementos combinados contribuem para que vejamos aqueles seres não como bichos absurdos, monstros fantasiosos, mas como indivíduos, com personalidades e angústia próprias.
Max é um garoto sensível, criativo e que se sente sozinho, pois sua irmã mais velha tem seus próprios amigos e sua mãe um namorado. Imerso nas dificuldades do mundo adulto, que observa mas não consegue entender, Max foge envergonhado após um desentendimento com sua mãe e acaba encontrando um lugar habitado por criaturas aparentemente assustadoras e com uma inteligência peculiar. A partir daí, o filme percorre o universo psicológico de Max como estrutura narrativa do próprio filme, levando a uma viagem de autoconhecimento. E conforme cada um dos monstros vai sendo revelado, vai-se percebendo que cada um deles é uma projeção da personalidade do protagonista. Carol é seu lado mais criativo, ambicioso, egocêntrico e esperançoso; KW é sua curiosidade, sua vontade de conhecer possibilidades diferentes, e também uma alusão à sua mãe e à sua irmã); Judith é seu lado carente, cético, mas também inquieto e ególatra; Ira representa seu lado criativo, amigo e inquisidor; Douglas é o amigo condescendente, que busca apaziguar as relações; Alexander é a insegurança e o desejo de ser reconhecido; Bull sua introspecção e sua solidão. Essas são algumas características das distintas personalidades do garoto.
Essa fuga fantástica parece uma intensa auto-avaliação, algo que o garoto precisa fazer para entender as transformações que estão acontecendo à sua volta. Atenção especial à primeira parte do filme, antes de Max embarcar em sua viagem ao mundo em que as coisas são selvagens: por exemplo, a brincadeira dos monstros de se empilharem sem machucar ninguém, esta diretamente ligada ao episódio dos amigos de sua irmã terem destruído seu iglu. Carol conta que teve um pesadelo com sua dentição e Max havia criado uma história em que conta para sua mãe sobre um vampiro que perde sua dentição ao morder um prédio e é abandonado por seu grupo (a mesma insegurança que existe em relação a Carol e seus amigos monstros e de Max com sua família). Ou quando KW joga pedras em suas amigas corujas, como na batalha de bolas de neve e mais ele não ouve ou não entende o que os jovens estão conversando e quando, machucado, chora, esperando atenção; é assim que Carol se sente por não entender porque seus amigos monstros simpatizam tanto com as corujas, com quem ele não consegue se comunicar. As brigas entre Carol e KW, podem supostamente ser uma alusão ao divórcio, subentendido, que seus pais estão enfrentando.
Os símbolos não param por aí: a construção de um “forte”, como um local apropriado para que possam viver juntos representa o incansável desejo do garoto de reunir a família e de se entender com seu mundo e os indivíduos que existem nele. Nesse “forte” não é permitido à entrada de estranhos, acreditando assim que são eles os responsáveis pelo desequilíbrio e divergências do grupo, mas ao contrário do que Max esperava, são as expectativas inesperadas que fazemos dos outros e de nós mesmos, é que causam a decepção e a falência das relações.
O inferno sentimental e árido das emoções ganha beleza nas brincadeiras primitivas do grupo de Max no qual ele é condecorado rei, mas não consegue corresponder às expectativas de seus novos súditos. Destaque, ainda, para cena em que o próprio Max insiste para que o mais calmo dos monstros atinja o mais indefeso, que já se encontra machucado, numa guerra de côco.
Onde vivem os monstros é uma perfeita fábula sobre o crescimento, sobre encarar o mundo e as pessoas e a responsabilidade de não magoá-las. Como afirmou o diretor Jonze, “não se trata de um filme infantil, mas um filme sobre a infância”, de como ela é perturbadora, inconstante, cheia de surpresas e, ao mesmo tempo, cruelmente bela.
Émilie Simon está de volta, seu último álbum chama-se The Big Machine e a música de trabalho é Dreamland, o clipe dirigido por Asif Mian. Trata-se de uma viagem onírica numa mansão de estilo aristocrático, fotografia em tons escuros, que reforça um estilo gótico, se encaixando muito bem ao vocal peculiar da cantora. Confira o clipe que provavelmente vai entrar na lista dos melhores do ano, que vamos divulgar em breve.