((( Quem mexeu no meu iPod?)))
Quem Mexeu no Meu iPod?






10.2.15

Favoritos 2014 | Séries

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Em ordem alfabética.


Broad City
Imagine um “Girls” menos glamoroso e mais engraçado. Uma versão nova e até mesmo identificável de como é (tentar) ser hype numa cidade como Nova York. A série do Comedy Central que começou na internet criada pelas atrizes, comediantes e roteiristas Ilana Glazer e Abbi Jacobson (melhor timing cômico ever), narra as desventuras de duas melhores amigas, também chamadas Abbi e Ilana, que toleram os seus empregos de salário mínimo, companheiro de quarto que se masturba na sala de estar, parceiros sexuais medíocres, ou passam por jornadas árduas (e hilárias) como arranjar dinheiro para ir num show hypado ou transportar maconha pela cidade dentro da vagina para os cães farejadores não sentirem o cheiro. Tão desesperadas quanto bizarras, as situações das duas se equilibram com uma amizade doce e verdadeira o bastante para equilibrar a acidez da série. Broad City é reconhecer que nada é nunca perfeito e que apostar em si mesmo é o melhor investimento, sempre contando com uma ajudinha dos amigos.


Fargo
Apesar de ter o apoio dos irmãos Coen, fazer uma versão de TV de um filme aclamado pela crítica é pisar em terreno duvidoso. Mas eles conseguiram e provaram o contrário até para o mais cético. O criador Noah Hawley não só recriou a atmosfera do filme original, como também entregou uma narrativa bem amarrada pelos seus 10 episódios. A desconstrução do antiherói e pacato cidadão Lester Nygaard (Martin Freeman, ótimo) em um vilão como o agente do caos e fodão Lorne Malvo (Billy Bob Thorton, perfeito) te prende até o final. Junte isso aos outros personagens improváveis e à incrível experiência visual, usando a gelada Calgary como cenário para contar este capítulo do universo de humor negro trágico que é “Fargo”.


Game of Thrones
A quarta temporada se destacou por continuar com uma fórmula que funciona. As surpresas acabam não sendo surpresas – sabemos que o duelo entre o Montanha e Oberyn não ia acabar nada bem, que o ataque à Muralha ia ser um espetáculo numa escala raramente visto na televisão; talvez apenas o choque do acontecimento no “Purple Wedding” que ditou a trama dos Lannisters, principalmente o personagem Tyrion (Peter Dinklage) que lhe rendeu a melhor atuação da temporada no monólogo de seu julgamento, além de sua vingança espetacular que acabou em um trono que também não esperávamos. Que continue assim, com personagens que gostamos em aventuras onde é quase impossível esperar uma semana para ver o próximo episódio (imagina um ano inteiro)!


Girls
Finalmente Hannah tem louça pra lavar! Depois de uma segunda temporada horrível (salvando apenas 2 episódios), o cotidiano das garotas do título ganharam tramas mais interessantes e profundas, apesar das apostas serem mais baixas dos dramas da temporada anterior – e isso funcionou. O episódio “Beach House” é um bom exemplo (e um dos melhores) que apresenta bem um retrato sobre relacionamentos. E é isso que a criadora e escritora Lena Durham fez tão bem neste terceiro ano: amadureceu seus relacionamentos, seus personagens e suas histórias para serem contadas em menos de meia hora.


Hannibal
Esta série sempre foi a mais bonita e a segunda temporada só melhorou. Ficou mais cruel e violenta, enquanto o jogo psicológico entre Hannibal e suas vítimas ficaram mais tensos, principalmente na tentativa de Will Graham em recuperar a sua humanidade depois de ser acusado falsamente pelos crimes do serial killer mais elegante da TV. O segundo ano da série evoluiu em algo muito mais amarrado – um assustador e grotesco ensaio que sugere que o monstro mais cruel é a forma que você menos percebe nos outros, a fera encurralada atacando em todas as direções, tentando acertar todos em sua volta com seus crimes hediondos (e ainda tivemos a entrada de Michael Pitt na série, um algoz para competir com as crueldades de Hannibal). Essas qualidades fazem desta série a mais estilosa e arrepiante da TV. E a terceira temporada promete uma caçada épica.


Homeland
No final da terceira temporada eu me perguntei como seria a quarta. E foi sensacional! Reiniciando sua história principal, a volta de Homeland parece nova, importante e relevante como as notícias de ontem (ou de amanhã). Um recomeço inteligente onde a cada episódio envolvente você se fixa mais e mais neste labirinto de reviravoltas que os personagens (tanto a CIA, quanto os terroristas) enfrentam. Claire Danes levou sua Carrie Mathison para um novo patamar ao superar os limites do praticável na luta contra o terror. O quarto ano provou que essa série ainda tem muitas histórias para contar.


House of Cards
Foi um segundo ano atônito para todos ao redor do vice-presidente dos EUA Frank Underwood (Kevin Spacey, sempre ótimo) E principalmente para quem devorou todos os episódios no Netflix. Ficar boquiaberto com o final do chocante primeiro episódio (mais intenso e imprevisível do que toda a primeira temporada) – foi o gatilho essencial para o segundo ano ser transformado de um drama político para uma novela política. É um prazer vicioso que funciona perfeitamente. Quero mais.


Looking
Esta sincera série da HBO que segue a vida de três homens gays em São Francisco pode ser resumida em como as pessoas que encontramos ao longo do caminho conseguem moldar quem você se torna. É sobre ser jovem ou não tão jovem; gay ou hetéro, ingênuo ou não, mas mesmo assim sem realmente saber quem você é. Com atuações fortes, detalhes sutis e situações convincentes, Looking apresenta um retrato honesto sobre o dia a dia moderno, seja ele gay ou heterossexual.


Mad Men
Esta sempre foi a minha favorita e assim como o fim dos anos 60 na série, estes “penúltimos” 7 episódios (ela termina de vez este ano), o sentimento é de perda: Don perde sua segunda esposa, Roger perde sua filha para uma comunidade hippie e Ginsberg perde sua lucidez e todo mundo esta a procura de sua própria utopia de felicidade, como foram os ideais desta época flower-power. Computadores ameaçam seus empregos e o homem finalmente pousa na Lua enquanto Peggy, Don e Peter correm atrás de seus ideais e nunca irão desistir desta busca. E Bert Cooper deu o recado na cena final (e mágica) de tirar o fôlego: “A Lua é de todos / As melhores coisas da vida são de graça.”.


Masters of Sex
A segunda temporada continua excelente graças ao ótimo elenco, grandes atuações e narrativa inteligente sobre os EUA reprimidos dos anos 50. Com Masters e Johnson ocupando um espaço entre amor, trabalho e amizade, seus corações finalmente começaram a bater enquanto observamos a forte interação dos dois protagonistas, e Lizzy Caplan e Michael Sheen se entregando de coração aos seus papéis.


Olive Kitteridge
Frances McDormand brilha nesta minissérie impecável da HBO, capturando não só o espírito indomável da personagem do título, mas também seus medos enquanto seu mundo começa a desmoronar. Forte em retratar a vida de uma mulher em situações aparentemente banais, entrelaçado em crueldade, ressentimento, insegurança e ainda sim, um nível de honestidade sobre os atrativos da vida.


Orange is the New Black
A segunda temporada superou a primeira. Primeiro em tirar o foco da personagem principal e distribuir melhor as histórias (e importância) entre as detentas da prisão Litchfield. E são muitas as histórias e os personagens! Entre subtramas complexas, OITNB se qualifica como a série que apresenta uma rede de personagens como nunca visto antes, dando a impressão de que elas realmente são prisioneiras. Um time excelente de atrizes, em especial as inesquecíveis Uzo Aduba, como “Crazy Eyes” e Laverne Cox, a cabeleireira transsexual. Destaque também para o lindo e triste quarto episódio, onde descobrimos mais sobre a personagem Morello.


Review
Esta série inusitada do Comedy Central apresentou um dos melhores personagens cômicos da atualidade: o bem humorado e sem noção Forret MacNeil (Andy Daly, impagável), um apresentador de TV que, a partir dos pedidos de seus telespectadores, resenha experiências de vida e no processo acaba por arruinar seu casamento, sua carreira, amizades e sua saúde. As resenhas são variadas, vão desde como é ser racista, como é se divorciar, como é comer 15 panquecas, como seria sexo com uma celebridade, como é se viciar em drogas, etc. Review é brutalmente hilariante em seu humor negro explícito e brilhante enquanto Forrest continua sorrindo mesmo depois de se dar conta da mensagem que passa para o telespectador: é tudo muito doloroso.


The Knick
Dirigida por Steven Soderbergh (Erin Brokovich, 11 Homens e Um Segredo, Sexo, Mentiras e Videotape, Behind the Candelabra) e estrelado por Clive Owen, este vibrante drama de hospital tem ares contemporâneo (ângulos de câmera expressivos, trilha sonora eletrônica minimalista) apesar de se passar na primeira década de 1900 em Nova Iorque. As tentativas e erros do cirurgião chefe Dr. John Thackerey (Owen) e sua equipe acumulam cenas sangrentas (mas nunca gratuitas) de cirurgias primitivas numa sala de operação estilo teatro enquanto esses médicos-cientistas-inventores se deparam com ideias que eles mesmos nunca imaginaram para revolucionar a medicina (mesmo de forma dolorosa). Destaque também para Cara Seymour, como a freira mais durona da TV.


The Leftovers
Talvez pela forma como Lost terminou, fiquei com o pé atrás com a estreia de The Leftovers, também criada por Damon Lindelof. Mas alguns episódios me fizeram lembrar porque Lost era tão legal. Explorando a vida das pessoas que ficaram para trás depois que 2% da população mundial desapareceu, The Leftovers investiga um complicado novo mundo, onde novos e agravantes cultos surgiram e pessoas em crise tentam entender quem eles se tornaram e porque isso é importante. Nada disso daria certo sem personagens fortes: o pai de família e policial perturbado; a solitária mãe que perdeu toda sua família e vive uma vida de novos vícios e descobrimentos; a líder do misterioso culto “Os Remanescentes Culpados” que vivem em silêncio e fumando cigarros (vivida por Ann Dowd, uma das melhores interpretações do ano); o padre problemático que perdeu seus fiéis, são alguns exemplos. Apesar dos inúmeros mistérios, reviravoltas e episódios chocantes, esta é uma série que está além de ter um papel para desvendar estes acontecimentos, mas sim aprender a viver com eles. Ainda não sei qual rumo esta série vai tomar, mas vou continuar vendo!


The Walking Dead
Aqui dividido em duas partes (metade do final da quarta temporada e a primeira metade da quinta). Depois de finais repetitivos (sequestra-sequestra, invade-invade, mata-mata, corre-corre), o grupo de sobreviventes se separou e teve histórias paralelas isoladas interessantíssimas e violentas fazendo jus a série. No episódio “The Grove” (S04E14), Carol e Tyreese descobrem do pior jeito imaginável até onde vai a perversa inocência de uma criança sob um mundo infestado de violência e mortos-vivos, num dos momentos mais tensos da série. E no final desta trama, eles se reúnem somente para ficarem presos numa armadilha bem sacada que amarrou bem o fim do quarto ano. No retorno de Walking Dead, nossos “heróis” finalmente se transformam de forma visceral em pessoas que não tem nada a perder a não ser a vida (com direito a vilões canibais), fazendo de tudo para sobreviverem – continuando em atingir fortemente todos os três níveis (cérebro, coração e estômago) com precisão mortal!


Transparent
Com sutileza e sinceridade, Jeffrey Tambor encarna Maura, um pai de família que, na terceira idade, começa o processo de “sair do armário” para os seus filhos já criados como uma mulher transgênero. De forma natural e balanceada entre o humor e a disfunção familiar e as fragilidades das relações familiares e amorosas, esta nova série da Amazon transcende gênero e expectativas. Com uma intimidade peculiar, Transparent (criação de Jill Soloway, de “United States of Tara”) entra no mundo queer, mas quer contar a história de Maura e dos Pfeffermans, sem nunca moralizar seu conteúdo para o espectador, mas sim, enfrenta as imperfeições da família e deixa você entende-los da sua forma.


True Detective
São muitas as glórias desta série: um suspense policial de serial killer, escrita no melhor estilo Pulp com filosofia niilista e mitologia própria, contada com uma narrativa em dois tempos paralelos, uma química perfeita entre seus dois protagonistas (Woody Harrelson e Matthew McConaughey, em minha opinião, sua melhor atuação), uma eletrizante sequência de seis minutos sem cortes que já nasceu clássica, numa direção e cinematografia impecáveis.


Veep
Depois de ser imortalizada por sua Elaine Benes em Seinfeld e de passar 5 anos como a divertida Old Christine, Julia Louis-Dreyfus se supera a cada episódio como a vice-presidente dos EUA, Selina Meyer. O ridículo que sua personagem passa é sempre a serviço de uma piada política, e mesmo que o fracasso de sua equipe (hilária) seja inevitável, ele nunca é previsível. Eu não imaginava um retorno tão cheio de cinismo, mas nisso e no humor negro, eles se superaram nesta terceira temporada que envolveu, além de uma corrida à Casa Branca, um episódio memorável sobre aborto, uma visita hilária a Londres (com uma piada genial sobre a Princesa Diana) e uma das cenas mais engraçadas da série, que mais pareceu um erro de gravação (S03E09).

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